Construtora Triunfo pede recuperação judicial

A Triunfo Holding de Construções (THC) e suas controladas Construtora Triunfo, It Sistemas Construtivos e Tiisa Infraestrutura e Investimentos entraram com pedido de recuperação judicial na segunda-feira na Justiça do Paraná. O grupo pede para reestruturar uma dívida de R$ 415,93 milhões.

As companhias de construção da Triunfo já vinham sofrendo com a queda no número de obras e de receita operacional, mas o gatilho para o pedido de proteção judicial veio há cerca de duas semanas, com dois pedidos de falência da Tiisa, braço do grupo voltado a obras metroferroviárias e de saneamento básico.

As ações foram ajuizadas por dois credores: a Mills Estruturas e Serviços de Engenharia e a Esquadrias Metálicas Guará. Após a empresa ser citada, no dia 12 de junho, passou a correr um prazo de dez dias úteis para uma contestação, pagamento ou pedido de recuperação judicial.

O grupo ainda aguarda o deferimento do juiz responsável. A partir da aceitação por parte da Justiça do pedido, passa a correr um prazo de 60 dias para a apresentação do plano de recuperação das companhias.

Constituída no Paraná em 1978, a construtora Triunfo era considerada uma das mais tradicionais empresas no segmento de infraestrutura no país.

Em seu pedido de recuperação, a construtora destaca a crise econômico-financeira pela qual o país passa desde 2014 e a retração de 28% no PIB da construção entre 2014 e 2018, o que “confirma o impacto causado ao setor de construção civil em decorrência da devastadora crise econômica”. Os efeitos da operação Lava-Jato também são mencionados no documento protocolado.

“O reflexo de todo esse cenário se deu na paralisação e cortes de investimentos em obras públicas, na dificuldade de acesso a fontes de financiamento, de contratação de seguros, de conquistas de novos projetos e também na diminuição da capacidade de investimento privado no mercado de construção”, diz o documento. Com isso, todo o setor foi afetado, devido à falta de demanda por novos empreendimentos.

Entre 2014 e 2018, a receita operacional líquida da Construtora Triunfo recuou de R$ 996 milhões para R$ 300,5 milhões. O lucro líquido caiu de R$ 84,4 milhões para R$ 1,15 milhão. O número de funcionários também foi reduzido, de 4.200 para 600, entre 2015 e 2018.

O grupo que pediu recuperação judicial não tem relação direta com a Triunfo Participações e Investimentos (TPI), que é listada em bolsa e se encontra em recuperação extrajudicial. No entanto, as mesmas cinco famílias controladoras da TPI são donas da holding de construção.

Além disso, a atividade da construtora foi afetada pelas dificuldades econômicas dos empreendimentos da TPI. Sua carteira incluía obras do aeroporto de Viracopos (que está em recuperação judicial), das rodovias da Concer (em recuperação extrajudicial), e da Concebra (que a Triunfo tenta devolver à União devido a problemas econômico-financeiros da concessão).

As restrições orçamentárias de entes públicos também impactaram o fluxo de caixa da construtora, que sofreu com pagamentos atrasados e a paralisação de obras, além da redução de novos projetos de infraestrutura, afirma o grupo em seu pedido.

No documento, a holding afirma que as empresas têm recebíveis de longo prazo em valor muito superior ao passivo, “o que demonstra a viabilidade de suas recuperações mesmo no eventual prolongamento do estado de recessão e dificuldade de crédito do mercado em que atua”. O grupo diz ainda que tem valores a receber por ações judiciais e por desequilíbrios contratuais pleiteados pelas empresas.