Vendade imóveis da Oi pode render R$ 2 bilhões

Companhia nega venda imediata de operação móvel

A Oi estima que possa arrecadar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões com a venda de imóveis pertencentes à companhia, informou ontem o novo diretor de Operações da empresa, Rodrigo Abreu. O executivo calculou entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões o impacto positivo no caixa que pode ser gerado pela venda de ativos não essenciais, incluindo imóveis.

“Vendemos esta semana [o prédio] na Rua General Polidoro 99 [no Rio de Janeiro] por R$ 120 milhões”, disse o diretor-presidente da Oi, Eurico Teles, em entrevista conjunta com Abreu. A venda de três imóveis – no Rio, em Brasília e em Salvador – poderia render um total de R$ 450 milhões aos cofres da operadora, projetou Teles.

O novo COO (sigla em inglês para diretor de Operações) enfatizou que a companhia trabalha paralelamente em outras frentes para financiar o plano estratégico divulgado em julho. Além da venda de ativos não essenciais, como centros de dados, torres de telefonia móvel e parte da estrutura de fibra óptica em São Paulo, a Oi trabalha para viabilizar uma emissão de dívida garantida de R$ 2,5 bilhões.

Investidor ouvido sob a condição de anonimato informou que ainda aguarda a confirmação pela operadora das condições para a emissão dos títulos, operação cuja estruturação está a cargo de dois bancos. Entre as condições discutidas preliminarmente com investidores e acionistas está um prazo de vencimento de quatro anos para os papéis, que seriam garantidos por ativos de fibra óptica da rede
móvel da companhia, segundo apurou o Valor.

Aos R$ 2,5 bilhões em títulos lastreados em ativos podem se somar outros R$ 2 bilhões em financiamentos oferecidos por fornecedores para a compra de equipamento, conforme previsto no plano de recuperação judicial aprovado em 2017. A Oi conta ainda com a entrada no caixa de R$ 3 bilhões em créditos de PIS/Cofins aos quais tem direito por força de decisões judiciais, esclareceu o COO.

Abreu reiterou a previsão de que a Oi pretende concluir ainda este ano a venda de sua fatia de 25% no capital da operadora angolana Unitel. A participação acionária já aparecia na lista que consta do plano de recuperação, com os ativos disponíveis para venda.

Os recursos são vitais para que a empresa consiga manter o ritmo acelerado de expansão da sua rede de fibra óptica. Segundo Abreu, a empresa deverá terminar o ano com o serviço de fibra óptica até a casa do cliente (FTTH, em inglês) disponível para contratação em quase 5 milhões de domicílios. A projeção anterior, divulgada em julho, era de que a fibra chegasse a 4,6 milhões de lares.

“No fim de 2018, nós tínhamos algumas dezenas de milhares de clientes de FTTH e já estamos atingindo quase 500 mil clientes de fibra, e este número ainda vai crescer bastante até o fim do ano”, disse ele, numa referência ao total de conexões efetivamente contratadas. A meta de investimento para 2020 é de R$ 7 bilhões, ante um montante de até R$ 7,5 bilhões projetado para este ano.

Abreu sustenta que a Oi não vai se desfazer de sua operação móvel no curto prazo como forma de suprir necessidades de financiamento. “Essa possibilidade nem existe”, frisou. “Não se consegue fazer um processo [desse tipo] que tenha conclusão em alguns meses. Você tem processos regulatórios, concorrenciais, legais”. O Valor apurou que o tema chegou a ser discutido com Vivo e TIM Brasil.
Abreu afirmou ainda que não há negociação em curso para vender a Oi.

A expectativa do mercado é de que Abreu substitua Eurico Teles no comando da empresa até o início de 2020. Mas ontem, o diretor-presidente deixou em aberto a possibilidade de sair do cargo antes do fim do ano: “Se for para o bem da companhia, saio daqui a um mês, se tiver que sair”, disse. “Tenho uma missão a cumprir aqui na empresa e não estou preocupado com data.”

Fonte: Valor