A aprovação na noite de ontem por credores da Oi de um aditamento ao plano de recuperação judicial da companhia vai permitir uma redução em quase dois terços da sua dívida. Em entrevista coletiva realizada após o encerramento da assembleia geral de credores, a diretora de Finanças e Relações com Investidores da Oi, Camille Faria, explicou que o plano, já com as alterações resultantes do aditamento, deverá reduzir a dívida total da operadora de R$ 26,1 bilhões (valor justo) para R$ 9,7 bilhões.
Considerado o valor de face dos débitos, a Oi devia no fim de junho R$ 42,1 bilhões. “Desse total de R$ 42,1 bilhões, o plano prevê o repagamento de R$ 26,2 bilhões de dívida a face value [valor de face]”, esclareceu a executiva. Com isso, o endividamento cairia para R$ 15,9 bilhões, considerando mais uma vez o valor de face. No cômputo final, esses R$ 15,9 bilhões equivaleriam a um valor justo de R$ 9,7
bilhões.
No aditamento aprovado hoje pela maioria dos credores presentes à AGC, a Oi inclui linhas de financiamento que visam à companhia garantir recursos enquanto espera pela liquidação financeira de operações de vendas de ativos. Além de uma proposta de R$ 16,5 bilhões por seus ativos de telefonia móvel, a Oi já recebeu ofertas vinculantes (firmes) por seus data centers (valor mínimo de R$ 325 milhões) e de torres (R$ 1,067 bilhão).
A diretora financeira da Oi explicou que, em função desses cronogramas de liquidação financeira e do ritmo intenso de investimento na expansão do negócio de fibra óptica, a Oi precisou introduzir no plano alternativas de flexibilização financeira para continuar financiando seu plano de investimento.
Entre as alternativas, está uma linha de crédito de R$ 2 bilhões com garantias que já constava do plano de recuperação judicial aprovado originalmente em dezembro de 2017, antes do aditamento. “No plano original ela era exclusivamente destinada para a importação de equipamentos e a companhia simplesmente introduziu a flexibilidade de poder utilizar essa linha para outros tipos de investimento”, disse a executiva. Também constam do aditamento um empréstimo-ponte no valor de até R$ 5 bilhões garantido por ações ou recursos provenientes da venda de ativos e uma captação de até R$ 2 bilhões sem garantias.
Também presente à entrevista coletiva, o diretor-presidente da Oi, Rodrigo Abreu, disse não temer contestações ao resultado da assembleia geral de credores. O executivo argumentou que a AGC é o foro soberano para decidir sobre as alterações no plano de recuperação judicial. Abreu lembrou que na reunião realizada virtualmente votaram a favor do aditamento credores quirografários que representam quase 70% do valor dos créditos detidos por esta classe.
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