A comercializadora de energia Linkx entrou com um pedido de recuperação judicial na 2a Vara de Falências e
Recuperações Judiciais de São Paulo e pediu prazo de 15 dias para apresentar a lista de credores e o valor das dívidas.
Segundo o documento, a crise enfrentada no mercado livre desde o início do ano, quando os preços de energia tiveram uma alta inesperada por conta da falta de chuvas, fez com que o primeiro trimestre de 2019 resultasse em prejuízo acumulado de R$ 52 milhões. Como os preços voltaram a recuar na segunda semana de fevereiro, a Linkx conseguiu reduzir o prejuízo acumulado para R$ 26 milhões.
A petição narra que, em outubro do ano passado, início do período chuvoso do ano, a Linkx tinha contratos de longo prazo a preços mais altos, na aposta que os preços continuariam elevados. Quando os preços caíram, a comercializadora teve perdas e reverteu o resultado positivo acumulado entre janeiro e setembro do ano passado, de lucro de R$ 6 milhões, para prejuízo de R$ 4,2 milhões em 2018.
Em dezembro, a própria Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) projetava que o preço de energia no
mercado à vista seria próximo de R$ 100/MWh ao longo do ano, e a Linkx negociou vários contratos a preço médio de R$ 180/MWh para recompor seu caixa. As chuvas projetadas não se concretizaram e os preços de energia voltaram a subir para uma faixa acima de R$ 500/MWh.
De acordo com a petição, a Linkx ainda tinha contratos comprados de energia entre março e dezembro deste ano e contava em reverter as perdas. Outras comercializadoras, contudo, enfrentaram cenário semelhante, o que desencadeou um efeito cascata. A Vega Energy foi a primeira a informar que não honraria os compromissos, em fevereiro, e deu um calote de cerca de R$ 200 milhões em vários clientes. A Linkx foi uma das afetadas pela inadimplência, de contratos de cerca de R$ 13 milhões, o que comprometeu “severamente” seu caixa e o lastro para novas operações.
O pedido de recuperação solicitou que a Justiça conceda uma liminar garantindo que a Linkx não seja desligada da CCEE, uma vez que para participar da comercialização e tentar se recuperar financeiramente é fundamental permanecer como agente da câmara.
Fonte: Valor