Após a aprovação do plano de recuperação judicial da Eternit, ocorrida ontem, em assembleia geral de credores, a companhia espera conclusão do processo de ajuizamento em dois anos, segundo o presidente, Luís Augusto Barbosa, informou ao Valor. Há expectativa que a homologação judicial do plano ocorra em 15 dias.
Ontem, as ações da Eternit fecharam com alta de 33,03%, cotadas a R$ 2,90. O volume financeiro movimentado foi o maior desde outubro do ano passado, somando R$ 4,4 milhões, ante os R$ 65,7 mil de segunda-feira.
O plano foi aprovado por 79,49% dos votantes da classe I e pelo único credor da classe II e pela totalidade da classe IV. Da classe III, houve aprovação por 95,38% dos votantes, detentores de 99,47% dos créditos.
A Eternit pediu recuperação judicial em março de 2018, como consequência das restrições ao amianto e da crise da construção. Na ocasião, Barbosa informou que os resultados da Companhia Sulamericana de Cerâmica (CSC), da qual a Eternit tinha 60%, também pesaram na necessidade de ajuizamento. Posteriormente, a companhia passou a deter 100% da CSC.
Segundo Barbosa, a Eternit esperava que a aprovação do plano ocorresse em período mais curto, antes do fim de 2018. “O tamanho da dívida é compatível com o da operação. Tivemos quatro versões do plano, e a última não foi tão diferente da primeira”, conta o presidente. No fim de março, a Eternit tinha dívida bruta de R$ 132,5 milhões. Desse total, R$ 79,5 milhões se referem à dívida concursal, ou seja, passível de recuperação.
Há dez dias, a companhia divulgou a quarta versão do plano, com mais opções de pagamento para tentar atender a um número maior de credores. As principais mudanças em relação à anterior foram propostas de pagamento aos credores quirografários (sem garantia real) vinculadas à venda de ativos imobiliários. Barbosa ressaltou que boa parte dos créditos poderão ser antecipados por meio dos chamados “eventos de liquidez”, ou seja, pela comercialização de imóveis não operacionais.
Segundo o presidente da Eternit, a companhia irá anunciar, em breve, novos produtos. “A elaboração do plano de recuperação judicial e a negociação com credores consumiram um tempo importante. Faremos a consolidação de negócios estratégicos”, diz.
Produtos de fibrocimento sem amianto continuarão a ser a principal atuação da Eternit, segundo o executivo. “Vamos utilizar o fibrocimento em outras aplicações que não as telhas, com desenvolvimento de portfólio mais amplo de placas e painéis para revestimento externo de edifícios e construção de mezaninos”, afirma Barbosa.
Em janeiro, a Eternit deixou de usar amianto na fábrica de Anápolis (GO), a última da empresa que usava a matéria-prima na produção de telhas. (com colaboração de Rodrigo Rocha)
Fonte: Valor