O novo plano de recuperação judicial da PDG prevê que credores com garantias reais financiem o pagamento de outros credores, como trabalhistas, quirografários (sem garantias) e micro e pequenas empresas. A incorporadora, que entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro, diz no documento que precisa do apoio dos credores com garantias reais para cumprir suas obrigações financeiras nos próximos 12 meses.
Em junho, a PDG já tinha entregue à Justiça um plano de recuperação, mas não conseguiu a adesão dos credores. Isso porque a companhia pretendia também submeter à recuperação judicial empreendimentos com patrimônio de afetação, uma estrutura criada para segregar um imóvel das obrigações da incorporadora. Agora o novo plano exclui ativos com patrimônio de afetação, mas prevê esse apoio financeiro de credores com garantia real.
Pelos termos do novo plano, a incorporadora busca também que despesas geradas pelos imóveis sejam pagas pela venda dos ativos dos próprios credores com garantia. De acordo com o documento, esses recursos vão remunerar a PDG por serviços prestados. Entre essas despesas estão taxas de condomínio, débitos de IPTU e despesas comerciais, por exemplo.
Para pagar despesas gerais e administrativas, a PDG diz que irá destinar 3,8% ao ano do valor dos ativos para cada central de gestão, estrutura que reunirá empreendimentos financiados por um determinado credor. Se os gastos forem menores do que isso, a sobra ficará com os credores com garantia real.
Essa não é a única alternativa dada aos credores com garantia real. Eles podem também optar por receber os
empreendimentos imobiliários como pagamento.
Em ambas as possibilidades abertas aos credores com garantia real, se não houver o pagamento integral dos valores devidos com os próprios imóveis, o restante do pagamento se dará com a emissão de debêntures.
Para credores quirografários, a PDG prevê o pagamento em dinheiro de até R$ 25 mil em seis parcelas mensais, sendo a primeira com vencimento em 180 dias depois da homologação do plano. Existe, portanto, um desconto para quem quiser receber seus recursos em dinheiro e tiver mais de R$ 25 mil a receber. Os credores também têm a alternativa de converter os valores totais em ações da PDG ou em debêntures.
Para as micro e pequenas empresas, a PDG se propõe a pagar até R$ 10 mil em dinheiro, também daqui a seis meses e em seis parcelas. Além disso, também há a opção do recebimento via debêntures e ações.
A incorporadora diz, no seu plano, que prevê a captação de novos recursos por meio de incentivos para quem colocar mais dinheiro na empresa. Esses valores ficarão de fora do plano de recuperação judicial e terão preferência de recebimento.
Para cada R$ 1 novo emprestado, o credor quirografário poderá ter acelerado o recebimento de R$ 1 de seu crédito antigo.
Com isso, em vez de continuar na fila de créditos, esse credor passará a ter prioridade de recebimento.
O plano da PDG prevê a conclusão e a entrega dos empreendimentos cujas obras já foram iniciadas. Essa seria a prioridade da companhia antes de dar início a novos projetos.
As ações da PDG fecharam o pregão ontem com queda de 5,28%, cotadas a R$ 2,33, entre as maiores baixas da B3. (Com colaboração de Paula Selmi)
Fonte: Valor