Conhecida pelas telhas de amianto e pela extração do mineral crisotila, a Eternit precisou recorrer à recuperação judicial para fazer frente ao descasamento do caixa com seus passivos. O comunicado ao mercado informando o pedido de recuperação foi feito na noite de segunda-feira. A decisão suscitou uma velha questão: se a empresa de 78 anos não demorou para se diversificar e ficar menos dependente do amianto. Na verdade, esse processo já estava em andamento, principalmente após a troca do presidente em abril do ano passado, mas o cerco maior ao uso do amianto e a crise da construção civil acabaram resultando no pedido. Pesaram também os resultados da Companhia Sulamericana de Cerâmica (CSC), joint venture de louças sanitárias na qual a Eternit tem 60%.
Ontem, as ações da Eternit caíram 7,07%, cotadas a R$ 0,92. A companhia não tem controlador, e os três maiores acionistas – Luiz Barsi Filho, Victor Adler e controladas e Geração L. Par Fundo de Investimento em Ações – têm, em conjunto, 33,77% de participação.
Segundo fonte, a recuperação judicial foi a forma encontrada pela Eternit para proteger seu caixa – que era de R$ 26,7 milhões em 30 de setembro – do risco de ser bloqueado pela Justiça para assegurar a indenização de ação civil pública referente à mina de São Felix (BA), da Sama, mineradora do grupo responsável pela exploração da crisotila. “Não vemos esse risco assim”, diz Luís Augusto Barbosa, presidente.
Fonte: Valor