Azul oferece US$ 105 mi por ativos da Avianca

A Azul, terceira maior companhia aérea do país, com 14,77% de participação, assinou uma proposta não-vinculante, no valor de US$ 105 milhões, para adquirir parte da operação da Avianca Brasil.

Com o acordo, a Azul, que já planejava crescer entre 18% e 20% em oferta de voos em 2019 com ampliação de frota, acelera seu processo de expansão. Já a Avianca Brasil, quarta maior aérea do país com 7,36% de participação em voos domésticos, encolhe drasticamente com a venda de seus ativos mais importantes.

A proposta inclui um adiantamento para a Avianca Brasil, de US$ 20 milhões a US$ 40 milhões, liberado na forma de empréstimo-ponte sênior, com garantia real.

A Azul informou que o plano é adquirir ativos por meio de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI), que será criada pela Avianca Brasil. Essa unidade terá entre os ativos o certificado de operador aéreo da empresa, 70 pares de direitos de pousos e decolagens (“slots”) e aproximadamente 30 aviões do modelo Airbus A320.

A criação da UPI faz parte do plano da Avianca Brasil para quitar suas dívidas, que eram de R$ 493,9 milhões em dezembro de 2018. O plano, desenhado pela consultoria Galeazzi e Associados, estabelece a criação da nova empresa, que seria leiloada até 30 de maio, após a homologação do plano de recuperação judicial. Esse leilão ainda será agendado pela 1a Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Se outra empresa fizer proposta mais alta e vencer o leilão, terá que reembolsar à Azul o valor do empréstimo e os juros acumulados em cinco dias úteis após a Justiça declarar o vencedor.

A Avianca Brasil informou que deve apresentar nos próximos dias a revisão do seu plano de recuperação judicial, com a nova estrutura da empresa, “que terá como foco suas rotas estratégicas”. A companhia também informou à Justiça do Estado de São Paulo que pretende realizar a primeira assembleia com credores no dia 29 de março.

O plano da Avianca Brasil também contempla a captação de US$ 75 milhões, negociados com os fundos de investimento Manchester Securities, Elliott Associates e Elliott International.

De acordo com fonte a par das negociações, na proposta, a Azul ficaria com todos os “slots” da Avianca Brasil nos aeroportos de Congonhas (SP) e Guarulhos (SP).

A empresa também ficaria com metade dos slots da Avianca Brasil no aeroporto Santos Dumont (no Rio). Só em Congonhas, a Azul ampliaria o total de slots de 13 para 34. A mesma fonte considera muito provável que a operação seja aprovada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), porque há pouca Azul oferece US$ 105 mi por ativos da Avianca sobreposição de operações da Azul com a Avianca Brasil.

A conclusão do negócio depende de uma série de condições, como a conclusão de um processo de digilência e a aprovação por órgãos reguladores e credores. A Azul informou que espera concluir o negócio em até três meses.

A Anac informou que a Avianca Brasil não apresentou ao órgão sua proposta de criação da UPI.
Os analistas do Goldman Sachs Bruno Amorim e Julia Guanaes, consideraram em relatório que a disputa por preços no setor aéreo pode ficar mais racional com a redução de voos operados pela Avianca Brasil. Para a Azul, o cenário é mais favorável, porque a aérea passa a ter acesso a mais slots em praças muito relevantes.

Carlos Prado, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), ponderou que a operação traz segurança para os consumidores, porque garante a continuidade dos voos da Avianca Brasil. “Por outro lado, em busca de sinergias, a Azul poderia reduzir a oferta total de voos. Isso teria impacto nos preços das passagens. Mais interessante seria que uma concorrente de fora comprasse os ativos da Avianca Brasil”, afirmou Prado.

Em dezembro, o Valor informou que David Neeleman, fundador e presidente do conselho de administração da Azul, estudava fazer uma oferta pela empresa controlada por José Efromovich. À época, a Azul divulgou nota à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) afirmando que não estava “engajada em negociações” para comprar a rival.

Fonte: Valor