Em crise financeira, o antigo Grupo Bertin, agora chamado Grupo Heber, entrou com pedido de recuperação judicial na Justiça de São Paulo.
A dívida a ser negociada na recuperação é de cerca de R$ 7 bilhões e o pedido envolve nove empresas: Heber Participações S.A., Cibe Participações e Empreendimentos S.A., Compacto Participações S.A., Comapi Agropecuária S.A., Doreta Emprendimentos e Participações S.A., Infra Bertin Empreendimentos S.A., Concessionária SP Mar S.A., Contern Construções e Comércio Ltda e Águas de Itú Gestão Empresarial S.A.
A Bertin começou no setor de carnes e depois entrou em outros setores, como o de construção e infraestrutura. Uma de suas subsidiárias, a SPMar, administra um trecho do Rodoanel Mario Covas, em São Paulo, por exemplo.
O frigorífico que deu origem à empresa foi vendido à JBS em 2009. Foi com essa fusão que a companhia dos irmãos Batista se tornou a maior do mundo no ramo de proteína animal.
O negócio, porém, acabou investigado pela Receita Federal. Para fechar o acordo, a Bertin criou um fundo de investimento, que depois teve uma participação de 85% vendida a uma companhia estrangeira. Com esse artifício, a empresa teria ganhado mais de R$ 3 bilhões sem pagar impostos.
Motivos da crise
O grupo afirma que o pedido de socorro à Justiça é “o melhor caminho” para garantir a “integridade de seus ativos” e renegociar suas dívidas.
“As dificuldades do Grupo Heber começaram em 2014 com o agravamento da crise econômica que vem assolando o país, em especial no setor de infraestrutura, com redução expressiva de novos projetos e custo mais elevado para rolagem de dívidas”, diz a companhia em nota.
A empresa alega que fez “pesados investimentos” para construir o trecho Leste do Rodoanel, que teria precisado de obras que não constavam no projeto licitado. Reclama ainda que os trechos administrados da rodovia acabaram com menos praças de pedágio do que o estabelecido por contrato, o que teria prejudicado suas receitas e aumentado os custos.
O Grupo Heber conta com assessoria jurídica do Thomaz Bastos, Waisberg e Kurzweil Advogados e financeira da Galeazzi & Associados no pedido de recuperação judicial.
Depois que a Justiça aceitar o processo, o Grupo Heber terá 60 dias para apresentar seu plano de reestruturação da dívida com credores e fornecedores, que terão 120 dias para estudar e aprovar a proposta. Durante esses 180 dias, as dívidas da companhia ficam congeladas.
Fonte: G1