Eletrônica, dona da Gradiente, teve o pedido de recuperação judicial aceito na quarta-feira pela 11ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho de Manaus. A companhia tem como controladora a HAG Participações, cujo maior acionista é o empresário Eugenio Staub. A entrada do pedido ocorreu no dia 30 de abril.
Um plano de recuperação extrajudicial já havia sido homologado em junho de 2010, mas no fim de 2017, ele foi extinto, e a saída foi entrar com o pedido na Justiça.
Pelo pedido aceito agora, a companhia tem 250 credores e uma dívida total de R$ 442,8 milhões. Os maiores credores são a Jabil do Brasil, subsidiária de uma das maiores fabricantes de componentes eletrônicos do mundo, e a Samsung SDI Brasil, com dívidas de R$ 32,2 milhões e R$ 29,4 milhões, respectivamente.
A empresa fechou o primeiro trimestre de 2018 com receita líquida de R$ 1,3 milhão, recuo de 26% sobre o verificado um ano antes. O prejuízo atingiu R$ 33,1 milhões até março, alta de 45%. O principal efeito negativo se refere a despesas financeiras, em R$ 32 milhões no intervalo. O patrimônio líquido estava negativo em quase R$ 800 milhões até março.
Na decisão tomada pela juíza Simone de Figueiredo, o grupo informa que o caminho da recuperação judicial foi tomado para “manutenção dos empregos e resguardo de seus mais de dois mil acionistas, uma vez que a falência das impetrantes prejudicaria de forma imensurável todos os envolvidos, como fornecedores e principalmente trabalhadores e famílias”.
Afirma, ainda, que com a concessão da recuperação judicial, “o grupo terá condições de se reestruturar operacional, financeira e comercialmente, para liquidar todas as pendências junto a seus credores, parceiros, investidores e clientes, voltando a gerar resultados positivos”. O plano de recuperação tem que ser apresentado no prazo de 60 dias.
Procurado, Staub não retornou aos pedidos de entrevista.
A Justiça definiu a Dasa Advogados e a Quist Investimentos como administradores judiciais do caso.
O plano de recuperação extrajudicial, homologado em 2010 foi extinto porque a empresa ficou inadimplente com seus credores, e o Superior Tribunal de Justiça não acatou recurso da empresa para a retomada do plano.
Ontem, a IGB informou que terá suas ações deslistadas na B3 a partir de 11 de junho, por conta da falta de pagamento das anuidades.
A crise enfrentada pela marca Gradiente dura mais de uma década, afetada por fatores que vão da gestão da empresa à piora do ambiente concorrencial no setor eletroeletrônico nos anos 2000. Segundo analistas, foram feitos investimentos em linhas que não deram o retorno esperado, em períodos em que fabricantes coreanos cresceram aceleradamente no país.
Nas últimas entrevistas, o comando mencionava preços em queda e a forte concorrência para explicar a má fase.
(Colaborou Ivan Ryngelblum)
Fonte: O Valor