O plano de recuperação judicial do Hopi Hari foi homologado na noite de segunda-feira pelo juiz Fábio Marcelo Holanda,
da 1a Vara de Vinhedo (SP). Quatro credores financeiros excluídos da proposta representam 90% da dívida, que soma cerca
de R$ 400 milhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teria R$ 230 milhões a receber.
Procurada, a instituição não quis comentar o assunto.
No despacho, o magistrado afirmou que o plano aprovado na quinta-feira passada está “formalmente” em ordem. “A
análise sobre aspectos econômicos e financeiros cabe aos credores e não impede a homologação do plano de acordo com o
primeiro cenário que deixou de computar os votos dos credores cujos créditos foram excluídos da recuperação judicial”.
Conforme a proposta do parque comandado por José David Xavier desde junho de 2017, também foram excluídos do
processo o fundo de pensão dos funcionários do antigo Banco Nacional de Habitação (Prevhab), que teria R$ 85 milhões
em crédito, a SLW Corretora de Valores, que representa alguns fundos, e a Mirai Participações.
Vão receber os pagamentos prestadores de serviços, funcionários e ex-funcionários que somam 10% da dívida ao redor de
R$ 400 milhões. O débito trabalhista será pago em até um ano, com redução de até 60%. Quem possuir crédito de até R$ 1
milhão receberá 53% do valor em 48 parcelas iguais. Acima desse montante, o parcelamento será em até 21 anos.
José Luiz Abdalla, acionista majoritário do Hopi Hari, com 99% das ações, disse que recorrerá da decisão da Justiça.
“Queremos as anulações da assembleia e do plano apresentado. Nossa proposta contemplava todos os credores e não
incluía descontos para valores dos funcionários”.
Segundo Sérgio Emerenciano, do escritório de advocacia Emerenciano, Baggio & Associados, que representa o parque, a
aprovação do plano pela Justiça era esperada. “Dos 1,7 mil credores, apenas quatro não aprovaram. Se quiserem entrar no
plano, eles terão até 60 dias. De qualquer forma, o parque já iniciou as tratativas paralelamente com essas instituições.”
O advogado do Hopi Hari disse que agora a administração está “liberada” para buscar novos projetos para o
empreendimento. A diretoria tem conversado com indústrias de automóveis e bebidas para fazer parcerias e obter outras
formas de receita.
Fonte: Valor