Plano de recuperação judicial do Hopi Hari vai à discussão de credores nesta sexta-feira

Dívida do parque era de R$ 330 milhões à época em que pedido foi feito à Justiça, segundo advogado. Parque reabriu no dia 5 de agosto sem operar 100% dos brinquedos e com público limitado.

O plano de recuperação do parque Hopi Hari, em Vinhedo (SP), será discutido por credores durante assembléia marcada pela 1ª Vara Cível do município, para a tarde desta sexta-feira (18). À época em que o pedido foi feito pelo centro de diversões à Justiça, em agosto de 2016, a dívida era de pelo menos R$ 330 milhões. Veja aqui os momentos que marcaram a trajetória desde a inauguração.

Ao G1, o administrador judicial do caso, Gilberto Giansante, explicou que todos os credores do parque foram convocados por meio de edital. A realização da assembleia, porém, depende da participação superior a 50% em cada uma das classes envolvidas no processo em tramitação: trabalhista, garantia real (empresas/profissionais), quirografários, e as micro e pequenas empresas.

A assembléia terá início às 13h, informa o documento. Antes disso, a partir das 10h, haverá um credenciamento dos participantes. “Não sabemos quantos vão comparecer. Ela [assembléia] será instalada somente com maioria qualificada, metade mais um de cada. Se não houver, vamos para a segunda com qualquer quórum”, afirma Giansante. Neste caso, ela ocorreria em 1º de setembro.

Os credores podem rejeitar, aprovar ou sugerir mudanças para o plano que será apresentado pelo Hopi Hari. Entre os outros trabalhos previstos na assembléia, de acordo com o documento, está a nomeação de um gestor judicial, quando houver afastamento do devedor; além da possibilidade de formação de um comitê formado exclusivamente por credores que auxiliaria o Poder Judiciário.

“De certa forma, ele também fiscalizaria o cumprimento deste plano”, ressaltou Giansante. Em relação ao tempo necessário para a conclusão dos trabalhos, ele afirmou que é imprevisível. “Sou um fiscal que preside a assembleia, Não é possível saber o que cada parte apresentará”, falou.

Visitantes na reabertura do Hopi Hari, em Vinhedo (Foto: Fernando Evans / G1) Visitantes na reabertura do Hopi Hari, em Vinhedo (Foto: Fernando Evans / G1)

Visitantes na reabertura do Hopi Hari, em Vinhedo (Foto: Fernando Evans / G1)

Polêmicas

A possibilidade de votação nesta sexta-feira deve ter discussões intensas. O advogado Marcelo Gir Gomes, que diz representar cinco ex-gerentes do Hopi Hari, afirma que cada cliente tem a receber de R$ 150 mil a R$ 300 mil. No entanto, ele alega que o aditivo do plano de recuperação recebido pelos credores trabalhistas prevê uma compensação que pode chegar a cinco salários mínimos.

“Eles vão prosseguir na ação e não vamos aceitar esse acordo”, ressalta. Já um ex-funcionário que participará da reunião disse ter sido informado que precisará pagar R$ 40 (mesmo preço cobrado dos visitantes) caso ele precise usar o estacionamento durante as discussões no teatro do parque.

“É uma afronta, eles nos devem”, ironizou.

Entre os principais credores está o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que até junho se colocava à disposição para realizar negociações “visando à recuperação dos seus créditos e a manutenção da atividade das empresas, se estas forem viáveis”. Na ocasião, a assessoria mencionou que a instituição teria a receber quase R$ 229,4 milhões do parque.

A assessoria de imprensa do parque alegou, em nota, que as informações sobre o processo de recuperação judicial devem ser tratadas com um escritório de advocacia contratado. De acordo com Sérgio Emerenciano, sócio do Emerenciano Baggio Advogados, nos últimos meses foram realizados intensos trabalhos de negociação com os credores.

O Hopi Hari não comentou se fará cobrança do estacionamento aos participantes da assembleia.

Reabertura

O parque voltou a funcionar em 5 de agosto, após quase três meses fechado em virtude de crise financeira. Para tanto, segundo a direção do Hopi Hari, foi obtida uma nova linha de crédito.

Com ingressos limitados a 5 mil por dia de atividades, para tentar garantir mais segurança e menos filas aos visitantes, o estabelecimento colocou 85% dos brinquedos à disposição dos clientes.