Com R$ 4 bilhões em dívidas, a Máquina de Vendas, dona da varejista Ricardo Eletro, pediu na sexta-feira recuperação judicial. Informou o fechamento de todas as suas 320 lojas no país e demissão de 3,4 mil pessoas. O grupo deve passar a operar apenas na venda on-line. Segundo documentos do processo a que o Valor teve acesso, são R$ 3,8 bilhões em créditos sem garantia, sendo que Itaú Unibanco, Santander e Bradesco somam quase R$ 470 milhões deste montante. A Geriba Participações, que comprou boa parte das dívidas dos bancos, é a maior credora, com R$ 1,33 bilhão em mãos.
É o maior processo dessa natureza já visto no varejo, desde a nova lei de recuperação judicial, e a décima maior em andamento no país. A empresa informou à Justiça que tem recursos para pagar a dívida trabalhista, de R$ 156 milhões.
No processo, a empresa diz que estava num movimento de retomada gradual das vendas desde 2019, mas a pandemia afetou a operação. As vendas caíram mais de 80%, mas o grupo afirma que essa situação é “momentânea”, por isso recorreu ao pedido judicial.
Sexta maior varejista de eletroeletrônicos do país, a empresa havia fechado um plano de renegociação de dívidas, de R$ 1,5 bilhão com bancos e R$ 1 bilhão com a indústria, no fim de 2018. “Estávamos conseguindo nos reerguer, vendendo R$ 100 milhões, R$ 110 milhões ao mês antes da pandemia, mas ainda era uma situação frágil. Com o fechamento do comércio, perdemos todas as lojas de um dia para o
outro. Foi devastador, o fluxo de caixa parou por quase seis meses”, diz Pedro Bianchi, presidente da empresa. “Estamos de cabeça erguida para achar um caminho. Sabemos da responsabilidade com empregados e credores”, disse ele. O escritório Thomaz Bastos, Waisberg, Kurzweil Advogados assessora o grupo.
Fonte: Valor