Reaberto há 3 meses, Hopi Hari tem alta no público, brinquedos parados e dívida crescente

Parque de Vinhedo tem 90% das atrações funcionando e novas previsões para a reabertura de dois brinquedos. Dívida com Prefeitura cresce a cada dia de operação do centro de diversões.

Três meses após a reabertura do Hopi Hari, em Vinhedo (SP), o parque tem motivos para comemorar e um caminho longo até quitar suas dívidas, ainda crescentes. Com reformas nos espaços e 90% das atrações funcionando, o público registrado aumentou 180% em um mês. Mas, no passo em que a bilheteria fatura, os débitos do centro de diversões com a Prefeitura aumentam pela falta do pagamento de imposto. O parque deve mais de R$ 65 milhões ao município e pelo menos R$ 400 milhões aos credores – valor em processo de recuperação judicial.

Segundo a administração municipal, o parque nunca pagou IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços), e continua não pagando após a reabertura, que ocorreu em 5 de agosto. Para cada dia de operação do Hopi Hari, um valor com base na bilheteria deveria ser destinado à Prefeitura. Os ingressos custam R$ 150.

“[A dívida] segue sendo tratada no âmbito judicial, ainda sem ser paga. […] A Prefeitura está tomando as medidas cabíveis para receber esses valores”, informou por nota. O recolhimento da taxa do alvará, no entanto, está em dia.

Por meio de advogados, o parque informou, por nota, que “a recuperação judicial não contempla as obrigações e direitos correntes da empresa”. Já a administração do centro de diversões informou que o presidente do Hopi Hari José David tem tratado sobre o assunto com representantes da Secretaria da Fazenda.

A assembleia de votação do plano de recuperação judicial – referente aos R$ 400 milhões – foi marcada para 23 de novembro, após duas suspensões. Depois que for aprovado, dão-se início os prazos de pagamentos, com prioridade para as dívidas trabalhistas a serem quitadas no prazo de um ano, segundo o administrador judicial do processo, Gilberto Giansante. O parque tem cerca de 1,7 mil credores, no geral, segundo ele.

Atrações fechadas

A previsão inicial do Hopi Hari era deixar para 2018 somente a remodelação do elevador Torre Eiffel – que promete queda de pé na atração no segundo semestre. Em entrevista ao G1, o presidente José David informou que o Ekatomb – uma das atrações radicais onde os visitantes encaram giros de 360º – tem previsão de reinauguração até o início de março. À época da reabertura do parque, a expectativa era disponibilizar essa atração neste mês de novembro.

Já o Elektron – também na linha das atrações radicais -, que tinha reinauguração prevista para outubro, deverá voltar a funcionar na segunda quinzena de dezembro deste ano. O Hopi Hari tinha 84% das atrações funcionando em agosto.

“Nós entramos no escopo dessas atrações pós reabertura do parque. Nós estávamos com 18% [das atrações funcionando no início do ano] e pra chegar em 90% teve um esforço da nossa equipe técnica em entender os escopos e fazer os diagnósticos, entender prazos de entrega, fluxo financeiro pra isso, para poder reativar todas as atrações”, explica o presidente.

Ainda estão em andamento, também, os trabalhos de renovação da pintura de algumas áreas e fachadas. Quem visita o centro de diversões se depara com extremos ao circular pelas atrações.Esse tipo de manutenção tem sido feito aos poucos, segundo o presidente.

David lembrou, inclusive, o quanto foi difícil conseguir negociar o seguro para o parque, que chegou a ficar até sem energia elétrica no início do ano por falta de pagamento, devido à grave crise financeira. A contratação da seguradora ocorreu em 4 de agosto, um dia antes da reabertura.

O Hopi Hari está prestes a completar 18 anos, no dia 27 de novembro, e, apesar do histórico financeiro, o presidente José David encara a reabertura com sucesso. Não autorizado a passar números, adiantou que o público teve 180% de aumento de agosto para setembro e mais 20% em outubro, indicando uma estabilização positiva, segundo ele.

Ele declarou que ainda não atingiu o público máximo de 5 mil pessoas, estipulado para evitar filas nas atrações. Mas, já projeta uma ampliação dessa capacidade para 7,5 mil visitantes no primeiro trimestre de 2018, e para 2019 o Hopi Hari estuda novas atrações.

“A meta é alcançar 12,5 mil, o equivalente a 2.650.000 visitantes por ano”, afirma.

Uma pesquisa de satisfação realizada com 15% dos visitantes entre 15 de setembro e 5 de novembro mostrou mais de 80% de “ótimo” e “bom”, segundo David, em relação à tudo que envolve a operação do parque, desde alimentação a limpeza.

Contratações

Na mesma medida têm ocorrido as contratações de colaboradores. Em três meses, o quadro passou de 187 para 396 colaboradores, e há contratações em andamento, segundo o empreendimento.

O destaque é para funcionários da manutenção que já passaram pelo parque, como estratégia da presidência para reduzir custos de treinamento aproveitando o conhecimento já adquirido desses profissionais. Nessa área, o parque conta com 60 colaboradores.

“Tem três horários diários, para cada função e para cada área tem vários turnos”, afirma. Segundo José David, não houve demissões expressivas neste período.

Fonte: G1